
Por acaso, o mundo é produto do acaso?
CIC: [295-301, 317-318, 320]
IV. O mistério da criação
DEUS CRIA POR SABEDORIA E POR AMOR
295) Cremos que Deus criou o mundo segundo sua sabedoria. O mundo não é o produto de uma necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso. Cremos que o mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas participarem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade: “Pois tu criaste todas as coisas; por tua vontade é que elas existiam e foram criadas”. (Ap 4,11). “Quão numerosas são as tuas obras, Senhor, e todas fizeste com sabedoria!” (Sl 104,24). “O Senhor é bom para todos, compassivo com todas as suas obras” (Sl 145,9[a58] ).
DEUS CRIA “DO NADA”
296) Cremos que Deus não precisa de nada preexistente nem de nenhuma ajuda para criar. A criação também não é uma emanação necessária da substância divina [. Deus cria livremente “do nada”: Que haveria de extraordinário se Deus tivesse tirado o mundo de uma matéria preexistente? Um artífice humano, quando se lhe dá um material, faz dele tudo o que quiser. Ao passo que o poder de Deus se mostra precisamente quando parte do nada para fazer tudo o que quer.
297) A fé na criação a partir “do nada” é atestada na Escritura como uma verdade cheia de promessa e de esperança. Assim a mãe dos sete filhos os encoraja ao martírio: Não sei como é que viestes a aparecer no meu seio, nem fui eu que vos dei o espírito e a vida, nem também fui eu que dispus organicamente os elementos de cada um de vós. Por conseguinte, foi o Criador do mundo que formou o homem em seu nascimento e deu origem a todas as coisas, quem vos retribuirá, na sua misericórdia, o espírito e a vida, uma vez que agora fazeis pouco caso de vós mesmos, por amor às leis dele… Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano surgiu da mesma forma (2 Mc 7,22-23.28). 298) Uma vez que Deus pôde criar do nada, pode, pelo Espírito Santo, dar a vida da alma a pecadores, criando neles um coração puro, e a vida do corpo aos falecidos, pela ressurreição, Ele, “que faz viver os mortos e chama à existência as coisas que não existem” (Rm 4,17). E uma vez que, pela sua Palavra, pôde fazer resplandecer a luz a partir das trevas, pode também dar a luz da fé àqueles que a desconhecem.
DEUS CRIA UM MUNDO ORDENADO E BOM
299) Já que Deus cria com sabedoria, a criação é ordenada: “Tu dispuseste tudo com medida número e peso” (Sb 11,20). Feita no e por meio do Verbo eterno, “imagem do Deus invisível” (Cl 1,15), a criação está destinada, dirigida ao homem, imagem de Deus, chamado a uma relação pessoal com Ele. Nossa inteligência, que participa da luz do Intelecto divino, pode entender o que Deus nos diz por sua criação, sem dúvida não sem grande esforço e num espírito de humildade e de respeito diante do Criador e de sua obra. Originada da bondade divina, a criação participa desta bondade: “E Deus viu que isto era bom… muito bom” (Gn 1,4.10.12.18.21.31). Pois a criação é querida por Deus como um dom dirigido ao homem, como uma herança que lhe é destinada e confiada. Repetidas vezes a Igreja teve de defender a bondade da criação, inclusive do mundo material.
DEUS TRANSCENDE A CRIAÇÃO E ESTÁ PRESENTE NELA
300) Deus é infinitamente maior que todas as suas obras: “Sua majestade é mais alta do que os céus” (Sl 8,2), “é incalculável a sua grandeza” (S1 145,3). Mas, por ser o Criador soberano e livre, causa primeira de tudo o que existe, Ele está presente no mais íntimo das suas criaturas: “Nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28). Segundo as palavras de Santo Agostinho, ele é “superior summo meo et interior intimo meo – maior do que o que há de maior em mim e mais íntimo do que o que há de mais íntimo em mim”.
DEUS MANTÉM E SUSTENTA A CRIAÇÃO
301) Com a criação, Deus não abandona sua criatura a ela mesma. Não somente lhe dá o ser e a existência, mas também a sustenta a todo instante no ser, dá-lhe o dom de agir e a conduz a seu termo. Reconhecer esta dependência completa em relação ao Criador é uma fonte de sabedoria e liberdade, alegria e confiança: Sim, tu amas tudo o que criaste, não te aborreces com nada do que fizeste; se alguma coisa tivesses odiado, não a terias feito. E como poderia subsistir alguma coisa se não a tivesses querido? Como conservaria a sua existência se não a tivesses chamado? Mas a todos perdoas, porque são teus: Senhor, amigo da vida! (Sb 11,24-26)
317) Só Deus criou o universo, livremente, diretamente, sem nenhuma ajuda.
318) Nenhuma criatura tem o poder infinito que é necessário para “criar” no sentido próprio da palavra, isto é, produzir e dar o ser àquilo que não o tinha de modo algum (chamar à existência “ex nihilo” “do nada”).
319) Deus criou o mundo para manifestar e para comunicar sua glória. Que suas criaturas participem de sua verdade, de sua bondade e de sua beleza, é a glória para a qual Deus as criou.
320) Deus, que criou o universo o mantém na existência por seu Verbo, “este Filho que sustenta o universo com o poder de sua palavra” (Hb 1,3) e pelo seu Espírito Criador que dá a vida.
O acaso conduziu os navegadores àquelas riquezas “sem dono”?
Deus não existe!
Tudo é obra do acaso!
Prevalece a lei do mais forte, do mais apetrechado, do mais ambicioso e astuto.
Que legal!… Estamos no melhor dos mundos, no “paraíso” da irresponsabilidade, onde vive-se o aqui e agora, sem preocupação com a consequência de nossos atos, e, com o futuro; podemos tudo, inclusive comer os frutos da vinha e jogar o lixo no riacho.
Destruímos, alegremente, a natureza acreditando que a vida é isto mesmo; e não há a quem prestar contas.
1. | Jesus começou a falar-lhes em parábolas: “Um homem plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou um lagar para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns lavradores e viajou para longe. | |
2. | Depois mandou um servo para receber dos agricultores a sua parte dos frutos da vinha. | |
3. | Mas os agricultores o agarraram, bateram nele e o mandaram de volta sem nada. | |
4. | O proprietário mandou novamente outro servo. Este foi espancado na cabeça e ainda o insultaram. | |
5. | Mandou ainda um outro, e a esse mataram. E assim diversos outros: em uns bateram e a outros mataram. | |
6. | Agora restava ainda alguém: o filho amado. Por último, então, enviou o filho aos agricultores, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. | |
7. | Mas aqueles agricultores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. | |
8. | Agarraram o filho, mataram e o lançaram fora da vinha. | |
9. | Que fará o dono da vinha? Ele virá e fará perecer os agricultores, e entregará a vinha a outros. |
(1) “Precisamos da fé, a filosofia só leva até a soleira da porta do entendimento das coisas divinas.”
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